
Soneto XLI
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade;
Mas como causar pode o seu favor
Nos corações humanos a amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
LUÍS DE CAMÕES.
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